PROPÓSITO: A preservação do aparelho esfincteriano na cirurgia do câncer do reto distal tem sido objeto de preocupação dos cirurgiões, no sentido de se evitar a feitura de colostomia. Inúmeros procedimentos têm sido propostos, porém, esbarram nos princípios oncológicos de radicalidade da operação, mormente no que diz respeito ao esvaziamento ganglionar do espaço pélvico. O conhecimento prévio desse compartimento constitui, portanto, fator de fundamental importância na escolha do método cirúrgico, amputativo ou conservador. A introdução do ultrassom, da tomografia computadorizada e da ressonância magnética possibilitou o estudo pré-operatório da região, porém, oferece somente informações de natureza anatômica. A linfocintilografia objetiva o estudo morfo-funcional desse espaço e contribui para complementar os dados obtidos com os exames citados. O objetivo deste trabalho é a padronização do método linfocintilográfico e estabelecer a diferença em portadores de câncer do reto e de outras afecções coloproctológicas. CASUÍSTICA E MÉTODOS: O estudo foi prospectivo e incluiu 60 doentes com várias doenças coloproctológicas. Trinta eram portadores de câncer do reto e os restantes de outras enfermidades colo-retais. A idade variou de 21 a 96 anos de idade sendo a média de 51 e a mediana de 55. Vinte e seis eram do sexo masculino e 34 do feminino. Os doentes eram portadores de câncer do reto distal ( 30 doentes ) diagnosticado por exame proctológico e anatomopatológico, cujo resultado revelou adenocarcinoma; hemorróidas (20 doentes); megacólon chagásico (cinco doentes); doença diverticular (dois doentes); câncer do cólon direito (dois doentes); retocolite ulcerativa (um doente) diagnosticadas por exame proctológico e/ou enema baritado. O método consistiu na injeção de 0,25 mL de uma solução de dextran, marcado com tecnécio radioativo, em cada lado da região perianal em posição correspondente à direita e à esquerda, e obtenção de imagens por meio de uma gama câmara. Os resultados obtidos foram analisados aceitando-se um nível de significância de 95 % (p< 0,05) mediante os seguintes modelos estatísticos: média aritmética e mediana, teste exato de Fisher, qui quadrado corrigido para continuidade, de acordo com Yates e tabelas de distribuição do número de doentes. RESULTADOS: Nos doentes com câncer retal, a progressão do marcador ocorre unilateralmente ou está ausente; nos outros, é bilateral e simétrica, embora possa haver retardo na progressão. Testes estatísticos com alta significância mostraram que o índice de concordância entre o diagnóstico clínico e o resultado do exame linfocintilográfico é de 93,33 %. CONCLUSÕES: A linfocintilografia é exame padronizado, exeqüível em todos os casos indicados, indolor e inócuo; a linfocintilografia diferencia portadores de câncer do reto dos de outras afecções colo-proctológicas estudadas.
PURPOSE: Preservation of the anal sphincter in surgery for cancer of the distal rectum in an attempt to avoid colostomy has been a main concern of colorectal surgeons. Various proposed procedures contradict oncological principles, especially with respect to pelvic lymphadenectomy. Therefore, prior knowledge of pelvic lymph node involvement is an important factor in choosing the operative technique, i.e., radical or conservative resection. Introduction of ultrasound, computerized tomography, and magnetic resonance have made preoperative study of the area possible. Nevertheless, these resources offer information of an anatomical nature only. Lymphoscintigraphy enables the morphological and functional evaluation of the pelvic area and contributes toward complementing the data obtained with the other imaging techniques. The objective of this prospective study is twofold: to standardize the lymphoscintigraphy technique and to use it to differentiate patients with rectal cancer from those with other coloproctologic diseases. CASUISTIC AND METHODS: Sixty patients with various coloproctologic diseases were studied prospectively. Ages ranged from 21 to 96 years (average, 51 and median, 55 years). Twenty-six patients were male and 34 were female. Thirty patients had carcinoma of the distal rectum as diagnosed by proctologic and anatomic-pathologic examinations, 20 patients had hemorrhoids, 5 had chagasic megacolon, 2 had diverticular disease, 2 had neoplasm of the right colon, and 1 had ulcerative colitis as diagnosed by proctologic exam and/or enema. The lymphoscintigraphy method consisted of injecting 0.25 mL of a dextran solution marked with radioactive technetium-99m into the right and left sides of the perianal region and obtaining images with a gamma camera. The results were analyzed statistically with a confidence level of 95% (P < .05) using the following statistical techniques: arithmetic and medium average, Fisher exact test, chi-square test corrected for continuity according to Yates, and distribution tables for the number of patients. RESULTS: In rectal cancer, the tracer progresses unilaterally or is absent; in other patients, the progress of the tracer is bilateral and symmetrical, although its progress may be slow. Statistical tests showed with high significance that the agreement index between the clinical diagnosis and the result of the lymphoscintigraphic exam was 93%. CONCLUSIONS: Lymphoscintigraphy is a standardized, painless, and harmless test that can be performed in all cases; it differentiates patients with rectal cancer from those with other coloproctological diseases.